terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

UM E OUTRO

A desavença começou do nada e durou muito tempo, durante o mesmo tempo que um provocava o outro e o outro sentia o sangue borbulhar dentro de si, mas foi segurando e alimentando a vontade de se vingar, um dia, lá na frente, depois de tudo esfriar para não demonstrar o sentimento e não deixar provas da culpa.
Mas não foi assim.
Um morreu de morte natural precocemente, morreu durante o sono e o outro ferveu de vez.
Sentiu-se traído pelo destino, fora-lhe tirada a chance de arrancar de dentro de si o monstro que o comia por dentro todo aquele tempo. Ele não poderia morrer senão por sua mãos e na hora que ele assim quisesse. Ficou cego, transtornado e armou-se.
No meio da noite entrou no velório, aproximou-se do corpo, sacou a arma e deu 5 tiros na cabeça do defunto.
Olhou para a mãe do morto e disse:
- Desculpe os modos.