sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A OUTRA

Era minha sogra ao telefone.
Queria ir ao super mercado e tinha que ser agora.
- Estou sem carro, o meu esta na oficina, só pego amanhã.
Mas ela não quis saber...
Não importa, ela queria porque queria e falou prá eu pegar o carro do sogro.
Insanidade, só pegando escondido, e assim foi feito.
Já na ida o carro morreu duas vezes e ela disse que o folgado, atrapalhado, preguiçoso sabia que o carro tinha problema mas não levava no mecânico e que só lembrava dele na hora de ter ciúme.
Morreu de vez, só ia pegar no tranco, ladeira abaixo.
Puxei o freio de mão e saí do carro.
- Vamos fazer pegar no tranco, sente-se no banco do motorista.
Falei com tal autoridade que ela sentou-se sem questionar.
- Já sabe né, eu vou deixar engatada a segunda, pisa fundo na embreagem, na hora que pegar velocidade tira o pé suavemente e acelera o motor... já sabe né?...
Ela me ignorou,  isso não era normal.
- Na embreagem, não nesse, esse é o freio, no do lado...
Ela é uma chata, fica se fazendo de besta prá não ajudar.
Fui para trás do carro e nem foi difícil, a ladeira era bem acentuada, foi só dar um empurrãozinho e ficar vendo o carro descer acelerando, o motor pegou, o ronco subiu, a velocidade ficou alucinante, começou a andar em zigue-zague e espatifou  um muro e capotou... e eu lembrei que a sogra que sabia dirigir e fazer pegar no tranco era a sogra de meu primeiro casamento e não a Dona Olga, mãe de minha terceira mulher.