segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O ROCHEDO.

Ele era esquesitão e adorava ficar isolado e solitário.

CAPITULO I - A Revelação.
Sua irmã se chamava Nadir e ele Zenite. Seu pai gostava de astronomia e ele herdou toda a carga de curiosidade do pai, mas um dia teve uma visão e compreendeu coisas que nenhum outro ser humano havia compreendido. Para ele o metodo foi apenas o de juntar um mais um e chegar a conclusão que o resultado era igual a dois. Rapidamente anotou sua percepção inédita da realidade e concluiu que a raça humana havia caminhado em direção errada por muitos séculos na maneira de tentar desvendar os segredos do universo. Estava na mão dele, duas folhas de papel bastaram para sintetizar alguns milénios de queimadas de mufas em busca da compreenção que ele e somente ele agora havia desvendado.
Neste dia caminhou tranquilamente para casa com as folhas no bolso e chegando em sua casa tomou um delicioso prato de sopa. Sua mãe estranhou a cara do garotão, aquele ar de felicidade sem muito sentido, mas julgou que ele havia finalmente perdido a virgindade e até sentiu um certo alívio por não ter mais que se preocupar com o bobalhão.
No dia seguinte ele escreveu a um laboratório de astronomia cujo endereço consegui numa revista ciêntifica velha que tinha. Escreveu de forma sintética e despretenciosa, julgou que não seria lido, mas menos de uma semana depois um carro enorme para em frente a sua casa e três homens muito estranhos batem à porta.
- Por favor queremos falar com o Sr. Zenite.
Alguns minutos depois ele saindo do banheiro, meio desarrumado e sem lavar as mãos atende aos homens sentado numas poltronas de vime que ficavam na varanda ao lado da entrada.
- Qual seu nome garoto?
- Zenite.
- Não, qual seu nome de verdade, não seu pseudonimo?
- Zenite é meu nome de verdade senhor, e minha irmã se chama Nadir.
Os homens se olharam e acharam aquilo tudo muito clichet demais.
- Onde você leu as coisas que nos escreveu?
- Eu mesmo conclui quando estava sentado na ponta de um rochedo, querem que eu mostre o rochedo?
- Não, não é preciso, depois podemos ver o rochedo. Mas você quer dizer então que concluiu isso tudo que escreveu por deduções próprias?
- É, eu tava muito sem ter o que fazer naquele dia...
- Você sabe que oque escreveu não só faz todo o sentido, esclarece quase todas as duvidas que temos a milenios no campo das mais variadas ciências como transforma Einstein numa mula estupida e cretina? Você acaba de riscar o nome da Einstein da história.
- Bem, ..desculpem senhores não era essa minha intenção...
- Foda-se Eisntein, você revolucionou o mundo, alguém mais leu seus escritos?
- Não senhor...
- Tem certeza, não comentou isso com ninguém?
- Ah sim, comentar eu comentei...
- Comentou é? E com quem você comentou isso?
- Com a Tia Zulmira.
- E quem é Tia Zulmira?
- Ela é minha tia.
- Bem, vamos tentar de outra maneira... Sabe que você acaba de danificar e acabar com a vida de todo mundo que vive de pesquisar nos campos da fisica, astronomia, engenharia quantica, engenharia nuclear... enfim, todos estamos agora classificados como mulas estupidas diante de um garoto que se chama Zenite e que descobriu sentado num rochedo aquilo de milhões de cerebros privilegiados e bem pagos nunca conseguiram descobrir... com isso virá o caos, o apocalipse da ciência, chamamos esta operação de Operação Revelação, e você é o pivot disso tudo, por isso receberá um tratamento especial para não neste momento, mas quando, e apenas quando for oportuno revelar ao mundo sua descoberta... mas temos que nos garatir disto, portanto nos diga, a Tia Zulmira deve ser uma tia velha que não deu bola e nem entendeu nada do que você disse a ela não é?
- Não senhor, ela entendeu tudinho, ficou muito admirada e conversamos horas sobre isso, ela disse que não via a hora de contar isso prás amigas dela.
- E quando foi que vocês conversaram horas sobre isso?
- Quando eu levei ela de ônibus até Pederneiras onde ela mora.
- Ah, a sua Tia Zulmira mora em Pederneiras, e gosta de contar as novidades para as amigas?
- Sim a Tia é uma mulher muito atualizada, fica sabendo de tudo na hora que acontece e adora ficar na janela pela manhã contando as novas para as pessoas que passam.
- E onde exatamente de Pederneiras ela mora?
- Bem no centro...
- Basta, você nos acompanhe... general mande seus melhores homens falar com a adoravel Tia Zulmira em Pederneiras!

CAPITULO II - Tia Zulmira.
O general escolheu 5 bons rapazes e os mandou numa missão bastante simples capturar, calar e trazer a Tia Zulmira que morava bem no centro de Pederneiras.
Foram em duas viaturas enormes e ao entrarem na cidade a cidade parou.
- Ei garoto você conhece a Tia Zulmira?
- Aquela que descobriu que o mundo...
- Sim esta mesmo!
- Numa casa amarelo canário bem no centro da cidade.
A casa gritava no meio da cidade, impossível não ve-la, e na janela Tia Zulmira falando sem parar para pelos menos umas três outras Tias de bobs no cabelo, vassouras nas mãos ou sacolas de supermercado.
O carrão parou e um dos rapazes foi até a porta de entrada, passando sem cerimônia ou respeito pelo portãozinho de ferro, transpondo o gracioso jardim e abrindo, não, quase arrancando a porta de tela. O rapaz em questão usava terno preto e óculos escuros, era loiro com cabelo escovinha, tinha 2,10 metros de altura e pesava entre 150 e 180 kilos. Tia Zulmira abriu a porta e antes do rapaz pensar em dizer "Boa Tarde" foi acertado no saco, em cheio, por uma panela de ferro, deu um gemido seco e caiu desmaido.
- Seu chupa cabra fio de uma puta... cê entrô no meu quintar acha que tá podeno?
Os outro quatro rapazes se posicionaram com pistolas automáricas e duas metralhadoras.
Um que estava agachado em posição de pronto e mortal ataque levou um cabo de vassouras na nuca e ao se mover para trás para ver o que acontecia, vie então senhora mirradinha, usando chinelos e meias furadas nos calcanhares que lhe deu uma joelhada no nariz e quebrou-o na mesma hora, ele ficou completamente tonto e caiu no chão asfixiado.
Dois foram pelos fundos, um deles foi atacado por um pequinez vesgo e de olhos muito saltados foi recuando de costas até conseguir entrar numa latrina de madeira no fundo do quintal, seu peso era muito para aquela construção e as madeiras do piso já estavam bem podres, tudo desabou e ele afundou com seus 2,07 metros e 135 kilos em 47 anos de bostas ali depositadas. Mas o azar maior foi que ao cair disparou sua arma e a sentelha fez explodir o gas metano ali acumulando fazendo chover bosta por 5 quarteirões de Pederneiras.
O segundo teve menos sorte, Tia Zulmira convencido de que era um chupa cabra que se multiplicava a cada porrada que levava, atirou sobre ele um ferro de passar roupas daqueles em que se usavam brasas. Obviamente Tia Zulmira não passava mais roupas com ele desde que comprara uma a vapor nas Casas Bahia, usando-o apenas para calçar a porta.
O ferro bateu de bico na testa do moço, partiu o óculos em dois e fraturou o crânio dele.
O quinto elemento gritou de cima da goiabeira onde conseguiu subir ( era uma goiabeira ridícula de um metro e meio de altura, mas para aqueles rapazes as proporções haviam perdido todos os sentidos em Pederneiras ):
- Tia Zulmira, preciso dialogar com a senhora.
- Ara seu chupa cabra fio da puta, se oceis só queria conversá purque num falaro logo. Vem cá que eu vou passar um cafezinho...

FINAL
Tia Zulmira ouviu atentamente o que o rapaz lhe falou enquanto o resgate removia os outro 4 rapazes de helicópito para o Hospital de Clinicas, e concordou em guardar segredo sobre o assunto todo que Zenite lhe havia contado, ou que deveria fantasiar tanto que as pessoas passariam a julgar aquilo uma história muito alucinada e incredula. Comeram metade de um bolo de mandioca e tomaram o café mais gostoso que o rapaz já havia provado na vida. A outra metade ela embrulhou e ele levou para casa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:
1) Zenite trabalhou como office boy de um laboratório de astro-fisica durante toda sua vida. Nunca foi promovido e sempre ganhou mais que o diretor geral.
2) Varios cientistas ficaram horas e mais horas sentados no rochedo indicado por Zenite mas nunca fizeram nenhuma descoberta relevante, apenas: 5 tiveram insolação ou desidratação e um caiu.
3) O rapaz que levou a panelada no saco teve uma das bolas extraidas para evitar uma infecção generalizada.
4) O rapaz que teve o nariz quebrado processou a velhinha, mas numa das audiências no forun de Pederneiras conheceu a filha da ré, se apaixonou por ela perdidamente e eles se casaram e tiveram lindos filhos, num Natal quando tentava ajudar a sogra com uma assadeira de pernil teve seu nariz novamente quebrado por ela em um lamentável acidente doméstico.
5) O rapaz que caiu na fossa abandonou a cerreira de agente e hoje trabalha como cabeleireiro em Dracena.
6) O rapaz que levou o ferro de passar roupas na testa recuperou-se bem depois de 3 anos de internação e numa das idas até o rochedo assegura ter descoberta o fórmula da coca-cola, montou uma fabrica de refirgerantes com o cunhado e faliu menos de um ano depois.
7) A goiabeira depois de tão bem adubada cresceu muito e ainda produz deliciosas goiabas brancas que são a alegria dos sobrinhos de Tia Zulmira, goiabas brancas são as melhores porque nunca conseguimos ver os bichos.
8) Depois da morte de Zenite um assitente de um cientista de 5º escalão descobriu uma falha grosseira na teoria que a invalidou completamente.
9) Tia Zulmira morreu sem deixar a receita do bolo de mandioca, mas nos anos todos que viveu nunca deixou de contar em detalhes a qualquer um que encontrasse a teoria do rochedo.
10) Zenite é o ponto vertical no céu que fica acima de sua cabeça, Nadir é o ponto vertical que fica baixo de seus pés, teoricamente o centro da terra ou o oposto de Zenite.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

DEUS NÃO QUER.

Dona Matilde atende ao portão. Nele um senhor com uma caixa de madeira com algumas ferramentas.
- Ainda bem que o Sr. chegou, eu já estava bastante preocupada.
- Boa tarde Dona Matilde, fique calma que eu vim pra ajudar a senhora. Deus abençoe a senhora.
- Venha por aqui e veja por favor.
Foram aos fundos da casa onde a cobertura com telhas de plástico e estrutura metálica havia despencado parcialmente da parede.
- Que coisa Dona Matilde, como isso foi acontecer? Um trabalho tão bem realizado, uma estrutura tão forte.
- Pois é, foi o vento desta madrugada.
- A senhora quer dizer que foi o vento desta madrugada que arrancou seu telhado?
- Sim foi, ai que susto que levamos.
- Pois então eu não posso consertar.
- Como assim não pode?
- É que se foi o vento, é porque é a vontade de Deus que o telhado caia e eu não contrario a vontade de Deus.
- Não, o senhor não esta entendendo, foi apenas um acidente natural, o vento sempre arranca as coisas do lugar, faça o favor, coloque isso tudo no devido lugar que eu alem de lhe pagar lhe dou uma gorjeta.
- Nem quero saber desse dinheiro... nunca, jamais irei contrariar a vontade de Deus.
- Mas não tem a vontade de Deus nisso aqui, foi apenas o vento...
- Não Dona Matilde, o vento é uma criação de Deus, ele atua sobre aquilo que Deus determina, e se Deus escolheu seu telhado pra ir ao chão eu não posso modificar a intenção Dele.
- Esta bem chega de brincadeira, vamos colocar isso logo no lugar antes que chova.
- Não com a minha ajuda ou interferência.
- O senhor já esta me tirando do sério.
- Deus não quer, eu não faço.
Pegou a caixa de ferramentas e foi embora.