Ele fazia umas obras bastante elaboradas. Não economizava em tempo, trabalho e garimpagem de elementos cénicos. Só produzia quando tinha a certeza do destino de cada peça. Trabalha inspirado pela pessoa da família que receberia a obra e só presenteava pessoas da família.
Um dia após o almoço, alguns familiares começaram a conversar depois de haverem bebido um tanto a mais, e eis que na conversa surgiu a ideia de ele presentear alguns familiares que haviam desaparecido a bastante tempo, tipo aqueles parentes que vão se afastando por conta de pequenos maus-entendidos, fofoquinhas e invejas incontidas.
Ele saiu então em busca de identifica-los e localiza-los. Nisso tias velhas e avós deram uma valorosa colaboração. Mas foi com um álbum de fotos da família muito bem conservado que ele achou o caminho para sua inspiração. Ele encontrava o familiar pela foto e nela se inspirava para
desenvolver a obra, depois ia em busca do parente para entregar o presente.
Para um primo solteirão ele elaborou uma peça que era um pneu de caminhão pintado de azul claro, no centro do pneu fixado com tirantes de fio de latão um gato morto envolto em resina.
Foi preciso uma caminhonete para levar a peça ao kitnete do primo que não tendo como receber o presente correu para dentro do prédio e chamou a policia.
Para uma tia afastada que vivia na cama a anos por conta de um AVC ele elaborou uma espécie de armário vertical feito por caixotes que giravam sobre um eixo central e que tinham portinholas dos dois lados que quando abertas mostravam bonecas simulando sexo explicito entre mulheres. A tia que também tinha cataratas não entendeu o significado da obra, mas agradeceu antes que ele fosse colocado para fora a golpes de bengala do tio ainda relativamente inteiro.
Obstinado viajou até a Patagónia onde achou um pinguim morto na praia. Empalhou o bicho e dentro dele colocou uma caixinha de musica que tocava sem parar. Deu de presente para uma prima de sua avó que morava sozinha em Piracicaba.