sábado, 29 de agosto de 2009

OLAVO TENTOU.

Magoado, com a alma muito ferida ele não via mais como prosseguir.
Andando errante na madrugada deu com uma porta entre aberta num edifício baixo, mas alto o suficiente.
Embriagado por um emaranhado de ideias foi entrando e subindo.
Esbarrava em pessoas mas não dava conta.
No último lance de escada viu uma porta bem a frente, colocou a mão na maçaneta, não de bola, tipo de alavanca que se abaixa e forçou. Abriu entrou, deu de cara com uma janela, atravessou o comodo e sentou no parapeito, lá em baixo entulhos incompreensíveis. Miserável fim, mas não faria diferença alguma ao lá chegar, tanto melhor.
Uma brisa da madruga fria e a necessidade de gritar um ultimo desabafo.
- Adeus mundo que nunca me compr....
- Cala a boca otário, cê tá atrapalhando.
Disse a garota toda nua deitada sobre uma cara também nu, enorme, aparentemente desfalecido. Como a garota, uma loira, lindíssima colocou-se de pé, Olavo não teve como não ficar pasmo olhando para ela. Nisso entra uma cara alto, muito alto, muito magro e com cara de estar cheio de más intenções.
- Pigalli, esse cara invadiu e tá causando.
Entra então uma senhora, que já fora bonita, mas estava em inicio de decadência.
Caminha serena e chega próxima aos ombros de Olavo. Ela fala mansamente e baixinho.
- O quê acontece meu filho. Você ia se jogar?
- Ia!
- Nossa que cousa. Conte para mim, por quê?
- Eu amo desesperadamente uma mulher que me ignora e não me ama, ...eu não suporto mais esse desprezo... não aguento a dor.... não consigo respirar, ... não consigo pensar...
E chora, chora como nunca havia chorado antes.
- E vocês quantas vezes fizeram amor? Você não conseguiu seduzi-la na cama?
- Não senhora, eu nunca toquei nela, nunca dei um beijo sequer nela...
- Pigalli, tire aquele da cama, leve-o... Sabrina, chame Lavinia e Nadia.
Pigalli mostrou ter uma força desproporcional ao transportar para fora o gigante semi-adormecido, e logo as três garotas estavam animadas e completamente nuas sobre a cama.
- Volto mais tarde... como é mesmo seu nome querido?
- Olavo senhora...
- Olavo. Volto mais tarde, fique calmo, fique em companhia delas.
E o que se seguiu foi intraduzivel na vida de Olavo, as garotas despiram-no e fizeram o diabo com ele. Depois de hora e meia, ele já acabado, entra no quarto novamente a tal senhora.
- Então Olavo... ?????
Ela chegou até junto da janela ainda aberta. Ela falava devagar e baixinho, de uma forma muito tocante.
- Venha até aqui querido...
Olavo com as pernas bambas, um pintinho murcho e balangante entre as pernas, com as costas toda arranha e cheia de mordidas, cheio de chupões pelo corpo, sofregamente chegou até ela.
- Vamos lá... você ainda sente vontade de saltar para a morte por uma mulher de quem nem um único beijo conseguiste ter?
- Não senhora...
- Então Olavo, as meninas te mostraram o que é a vida de verdade?
- Sim senhora... e como...
- Você ainda acha que vale a pena morrer por paixão?
- Com todo respeito, nem fudendo senhora...
- Então seu filho de uma puta, ( mudando completamente o tom, com uma agressividade nunca vista ) me volte aqui daqui uma semana com R$ 900 prá pagar a trepada que você acabou de dar, e nunca mais, seu corno de merda, volte aqui prá tentar se matar em pleno expediente de meu respeitável puteiro.

Considerações finais:
1) O cara que Pigalli levou prá fora do quarto, foi esquecido o resto da noite num banheiro gelado e passou 6 dias na UTI com pneumonia dupla.
2) Pigalli era natural de Campo Mourão e se chama Presnézio Pigalli Jr. e seu pai Presnézio Pigalli Neto, podia fazer anos de academia que não criava músculos mas ficava forte.
3) A moça por quem Olavo iria se matar casou-se aos 37 anos com um individuo biscateiro e mau carater e apanhava todas as manhas e todas as noites dele, só não apanhava na hora do almoço porque o individuo levava marmita para o trabalho.
4) Lavinia passou gonorréia para o Olavo.
5) Olavo não consegui pagar os R$ 900 no prazo e tomou um puta cacete de Pigalli.
6) No dia que Olavo veio liquidar a conta, Pigalli achou que ele não vinha com o dinheiro e deu outro cacete nele, só depois percebeu o mal entendido.
7) Pigalli ficou muito triste com o erro cometido.




sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O MOÇO DO MAÇO DE SALSA



Tia Ana resolveu que precisava comprar um maço de salsa.
Papai falou para ela que tinha salsa fresca no canteiro da hortinha.
Tia Ana disse que aquela não era do tipo que precisava, e que ia comprar com o dinheiro que recebia de sua pensão.
Quando tia Ana voltou parou diante da porta da cozinha, que era na verdade era uma meia porta, a parte de baixo com 84 cms de altura, ficava fechada para o cachorro não entrar e a de cima ficava aberta para o ar entrar, ela tina uma caixote na cabeça cheia de maços de salsa.
- Por que tanta salsa tia Ana?
- Eu não comprei tudo isso...
Ao abrir a parte de baixo da porta para entrar vimos que estava acompanhada de uma rapaz de uma perna só e com uma estatura muito baixa que quando postado atras da porta, dele só se via o topete.
- Este moço vendia salsa na feira... me contou sua história de vida... me apaixonei pela história... me apaixonei por ele... não quero ouvir converse... trouxe- para comigo morar.
- Mas tia Ana, tudo assim tão rápido, não é melhor a senhora refletir por uns dias?
- Ele me contou que levantava cedo, 3 da manhã pra colher salsa... seu reumatismo agravo-se por isso... senti pena... depois admiração por seu esforço... já imaginou?... ele cego de um olho, andando de madrugada pelos canteiros escuros colhendo salsa no frio?... foi por isso que a catarata do olho bom avançou tanto...
O baixote foi entrando silencioso e de cara feia pra todos, sentia que não era bem vindo.
Sentou num banquinho que minha prima usava pra fazer o pé e ficou lá tossindo por causa da enfisema. Notamos que estava com conjuntivite.
Meu pai ponderou:
- Cunhada, onde este senhor vai se instalar?
- Em meu quarto, lógico... ou pensam que não sou mulher de assumir as coisas que digo... me apaixonei por ele... não tem volta... eu vou bancá-lo... comprarei para ele com meu dinheiro todos os remédios que ele usa pra diabetes e pra pressão alta... os da gastrite conseguirei no posto.
- Cunhada,- disse o papai – mas sua pensão mal dá pra comprar os seus remédios.
- Eu vou seguir com o negócio dele de plantar e vender salsa... ele me falou que é muito lucrativo... que estava se endireitando na vida com isso... já quase pagou todas as dividas que tem nos bancos, nas financeiras e com alguns agiotas...
-É, é, é, é, é, fer, fer, fer, ferdade....
Descobrimos com muita pena que ele era gago e levemente fanho.
Papai notou que não deveríamos contrariar tia Ana naquele momento, então disse:
- Vamos esperar até passar o ataque epilético do moço... daí nos reunimos e conversamos.
É, ele se emocionou demais com o assunto e começou a ter convulsões.
- Cunhada como é o nome deste senhor?
- Ele não lembra... esta com aminésia, foi atropelado por uma moto... perdeu um rim, foi tudo muito traumático...
- Esta bem cunhada...
Tia Ana levou-o para seu quarto e resolvemos não tocar mais no assunto naquela noite.
Mas ninguém consegui dormir naquela noite, em parte devido ao impacto da novidade e em parte pelos ruídos selvagens que vinham de dentro do quarto de tia Ana.
Na manhã seguinte acordamos com os berros de tia Ana.
Todos corremos para o corredor.
Tia Ana descabelada disse:
- Ele morreu.
Que infortúnio, pensamos todos.
- Tivemos nossa lua de mel, depois eu o esqueci dentro da banheira e ele morreu afogado... coitado... um rapaz tão disposto e bonzinho...

Informações complementares:
1) O rapaz na verdade se chamava Geraldo Magela de Almeida, era natural de Sergipe, tinha 42 anos, estava em seu 4º matrimonio formal, fora viúvo por 3 vezes e tinha 12 filhos, 3 de cada casamento.
2) O rapaz vendia em média 25 maços de salsa por dia a R$ 0,50 cada.
3) Ele havia perdido a perna numa aposta. Apostou com amigos que deitaria na linha do trem com uma das pernas sobre o trilho conseguiria fazer parar uma composição com 5 máquinas e 80 vagões carregados sensibilizando o maquinista chefe. Perdeu a aposta. O maquinista chefe disse que não viu ninguém deitado nos trilhos e pensou que aquele montinho fosse bosta de vaca.
4) O motoqueiro que o atropelou feriu-se gravemente e teve morte instantânea. A moto deu perda total. A seguradora não cobriu os danos porque a moto estava com a placa dobrada.
5) Tia Ana tinha 83 anos quando tudo isso aconteceu, e mesmo assim tomou a pílula do dia seguinte por precaução, pois uma das camisinhas paraguaias usadas estava com defeito de fabricação.
6) Tia Ana era solteira e assim ficou até sua morte aos 98 anos.
7) O delegado que presidiu o inquérito sobre a morte do rapaz arquivou o processo alegando que fora um acidente doméstico que não tinha como ser evitado e achou o currículo do moço bastante invejável.
8) Na mesma época estava passando na TV a novela Salsa & Merengue.

domingo, 2 de agosto de 2009

SICATARAM.

Ela chegou pontualmente mas no lugar errado porque alem de gostosa era burra.
Ele chegou atrasado porque só se metia em encrencas e não lembrava mais o nome da garota com quem ia se encontrar. Parou viu a garota lá esperando e foi logo perguntando:
-Você é a .......????
-Sou eu mesma.
-Pôxa você é bonita mesmo.
Ela achou a voz do cara diferente assim como a roupa não conferia com o que ele havia dito que usaria. Mas resolveu não se ligar a detalhes, estava muito a fim de ficar com alguém e não estava querendo embaçar.
Ele resolveu abreviar tudo:
-E ai... como fazemos? Ce tá afins de quê mesmo?
Ela não aguentou e perguntou:
- Sua vóz esta muito diferente, você esta resfriado?
- Não não ( Qualé a dessa garota? ).
- Bom sei lá eu com pouco tempo, queria chegar cedo em casa...
- Tá certo, vamos nessa.
E foram para um quartinho alugado de hotel e transaram feito dois loucos enquanto a garota que ele ia encontrar já estava quase chegando em casa depois de esperar por ele no lugar próximo por uma hora, já o garoto dela ainda estava plantado no lugar certo esperando por ela.
Não viram a hora passar, experimentaram todas as posições possíveis, e só se deram conta quando o dia amanheceu.
- eu disse Edson que precisava chegar cedo em casa...
- Mas ainda é muito cedo... ( que porra de Edson, ela ficou louca?).
- Vou sair vuada Edson, depois te ligo, fui....
E ele ficou sentado na cama, pelado, olhando a porta aberta que ela nem se deu ao trabalho de fechar e pensando em quem seria o Edson.