Eliseu sempre desenhou muito bem e um dia fez um curso de tatuador. Comprou um equipamento baratinho de segunda mão lá mesmo na Galeria do Rock, mas não encontrou nenhum voluntário para nele praticar.
Mamãe pediu prá Eliseu fazer um favor, meio que obrigação mesmo.
- Zizinho, larga de ser vagau e leva esta cesta básica prá Tia Cristina.
- Ah não mãe... a tia mora lá na casa do caralho e tem uma puta ladeira prá subir depois do ponto final do onibus... vou não!
- Zizinho, tá aqui o dinheiro prô onibus, vai logo não enrola e vê se não assusta ela, cê tem cara de bandido filho. E óh seu anormal, vê se não chega lá falando palavrão. Vaza!
Eliseu saiu debaixo de um puta sol com a cesta básica no ombro, humilhado e com vontade de jogar a cesta num terreno baldio, mas não fez, sabia que era zica não entregar a cesta na casa da tia. Tomou o onibus e não tinha lugar prá sentar, desceu no ponto final e encarou a ladeira:
- Orra que essa porrrrrrra não acaba!
Parou na porta do prédinho, e agora, qual era mesmo o numero do apartamento dela?
Fazia quinze séculos que ela não vinha aqui, ele odiava aquela tia que fedia e era muito doida.
Que fazia ele comer aquele bolo nojento, mofado e com gosto de bunda.
Encontrou um moleque no corredor do segundo andar e perguntou:
- Oh mané, onde mora a Tia Cristina?
- Num tenhu ninhuma Tia Cristina nóia do caraiu!!!
- Vai te foder vacilão....
Bateu na porta que estava mais próxima, saiu um coroa de camiseta furada e encardida e perguntou:
- Fala gordão, que cê tá querendo aqui? Não comprei essa merda de cesta...
- É prá tia Cristina.
- É noutro bloco o balofo burro...
Virou as costas e entrou no outro bloco, bateu na primeira porta que achou no segundo andar e ouviu:
- Entra!
Ele entrou e viu a tia Cristina sentadinha no sofá lendo uma revista de cabeça prá baixo. Meu, ela era feia prá cacete, tinha a pele muito branca, acho que nunca tinha tomado sol na vida.
- Tia tá aqui a cesta básica...
- Coloca na cozinha... você é quem... é filho da... coloca na cozinha.
Ele colocou a cesta na cozinha e viu sobre a mesa mais de metade de um bolo mofado com gosto de bunda. Sentiu um puta nojo.
- Tô indo...
- Quanto é?
- Né nada não...
Olhou prá ela e notou aquela pele branca. Um, curto circuito em seu cérebro maliguino deu a ideia:
"Tenho que tatuar essa velha!" Mas como? Como conseguir convence-la a deixar testar sua arte nela. Mas precisa convencer? E se eu dopar ela? Mas como dopar? Haroldo! O Haroldo da farmácia sabe, ele me ajuda!
- Tia , faltou uma parte da cesta que tava muito pesada, eu trago amanhã, pode ser?
- Claro amor, pega um pedaço de bolo...
- Quero não tia. Obrigado a senhora é muito gentil. Amanhã eu volto.
No dia seguinte ele pegou uma pacote de açúcar no armário de casa, seus equipamentos e tintas, alguns desenhos e passou na farmácia, falou com o Haroldo, aprendeu como fazer a coisa e tomou o onibus prá casa da tia.
Chegou lá mostrou o açúcar.
- Mas você veio até aqui só prá trazer isso, que bom menino...
- Tia a senhora não quer uma água, uma chá, alguma coisa prá beber?
- Pode ser... me dá um cópo de leite...
E continuou lendo sua revista de cabeça prá baixo.
Naquele dia foi tudo muito fácil, e ele tatuou um escorpião com sombra no ombro dela, e durante o resto do mês fez vários outros pedaços e foi emendando tudo, nessa ele ficou 4 meses levando a cesta básica prá ninguém ir lá, dopando a tia quase todos os dias e já tinha tatuado ela inteirinha, incluindo todo o rosto, a bunda, os peitos e só livrou a sola dos pés porque mesmo ela dopada não parava quieta.
Animou-se e fez um curso de colocação de pierging e passou mais dois meses furando a velha e fazendo ela entrar pro Guinnes Book sem saber.
Numa manhã ele dormiu até mais tarde e quando acordou viu que era dia da cesta básica.
Levantou na boa foi ao banheiro e depois tomou café muito tranquilo, sua mãe veio da lavanderia e falou prá ele:
-Zizinho, hoje...
- Já sei mãe: é dia de levar a cesta básica prá tia...
- Não filho, hoje não precisa, seu pai tá de folga e já foi lá levar de carro!
terça-feira, 17 de novembro de 2009
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