quarta-feira, 16 de setembro de 2009

EU SOU A LENDA.

Américo trabalhava num emprego ordinário, ganhava mal e tinha uma mulher de quem não gostava mais.


Aos domingos levantava cedo e passava o dia sem fazer nada de útil.


Sua vida era besta e ele mesmo achava que não fazia sentido viver se fosse prá fazer todos as semanas a mesma coisa.


A comunicação dele com a mulher era meio que telepática, ela pegava a vassoura pra varrer o chão e ele saia do caminho, ela colocava o almoço na mesa e ele sentava e almoçava em silêncio, ela recolhia a toalhas do varal e ele tomava o banho do dia, ela ligava a televisão e ele sentava na frente e dormia, ela desligava ele levantava e ia pro quarto dormir, tava encerrado o domingo.


Mas num domingo de Setembro, ela resolveu limpar a casa prá incomoda-lo um pouco mais. Ele fugiu prá onde pode, mas onde ele ia ela ia atrás pra atormenta-lo com algum incomodo da faxina.


Por fim ele resolveu sai para a rua e foi descendo até chegar na avenida. Encostou-se por lá, pois nem dinheiro prá entrar num bar e beber algo ele tinha.


Depois de um longo tempo ele viu algo inacreditável.


Uma loira de jeans rasgado caminhando pela calçada.


Ela não imaginava que pudesse existir uma mulher como aquela, pensou em sua mulher, comparou com a loira, e viu que não havia comparação. Mas como chegar perto de uma mulher daquelas, como falar com uma mulher daquelas, que assunto? que tipo de homem seria capaz de levar uma mulher daquelas para a cama e ser amado por ela?

Ela passou vagarosa e rebolante, o corpo todo se movia como uma cobra sobre as areias quentes do Fezzan. O movimento era tão sensual que ele sentiu que algo de anormal crescia dentro dele, depois fora dele também. Nunca imaginou que uma mulher dessas fosse real.

Segui-a meio de longe prá poder olhar um pouco mais para a bunda dela. Mas ela mesmo lenta estava ganhando distancia e ele já começava a escorregar em sua baba. Ele apertou o passo e possuído por algo estranho segui-a com o firme propósito de conquista-la.

Conquista-la? Olhe-se no espelho: bermudão feito de um velho moleton, camiseta da Kaiser, chinelo havaina roto, cabelo ralo e ainda assim um ninho de coruja, óculos de velho... um bagaço.

Ela andou e entrou numa loja.

Ele ficou na porta esperando.

Quando ela saiu, ele continuou a perseguição.

Ele continuou no mesmo ritmo e em seguida entrou em outra loja, já mais perto do centro do bairro e com segurança na porta. Ele ficou esperando na porta e o segurança de olho nele.

Quando ela saiu o segurança falou ao ouvido dela que o cara a estava seguindo.

Ela foi direta e certeira em direção a ele e disse:

- Querido, você quer alguma coisa?

Depois de meia hora ele respondeu:

-Eu?

-Sim, você esta bem, precisa de alguma coisa?

Mais 45 minutos e ele respondeu:

- Eu?

Quando se deu conta estava dentro de uma ambulância, que a loira havia chamado pelo celular.

Ela ainda ajudou a coloca-lo no veículo e disse a ele:

-Estes moços vão ajuda-lo, ok? Depois eu vou te ver prá saber se ficou tudo bem... tá?

Ele olhou prá ela, a porta fechou e ele disse:

-Tá!

O ajudante da ambulância, uma rapazão de uns 120 kilos, falou:

- O tio, o sinhor tem nome é?

- Américo.

- E onde você quer que a gente deixe você velhote?

- Onde?

Bom o motorista tinha que passar na casa de um colega prá pegar uma marmita e resolveu deixar a encomenda numa rua longa e deserta, ladeada por uma linha de trem de um lado e um muro enorme do outro.

Américo andou ao longo do muro meio zonzo e depois de muito andar encostou num portão de madeira enorme, escuro, cheio de cravos dourados.

Depois de algum tempo ali o portão se abriu e um homem de vestimenta marrom disse:

- Entra.

Américo entrou de cata cavaco e o marronzão falou:

- Você tem problema na coluna?

- Tenho. ( mas não tinha )

- Por esta noite você vai dormir no quartinho que tem no final deste corredor, amanhã eu te acordo cedo, você toma um banho, ouve a missa e vamos, tá?

- Sim senhor.

Duas semanas depois ele estava interno num mosteiro no interior da Bahia trabalhando na horta e cortando lenha de manhã a noite.

Ficou nessa vida por 14 anos sem que nunca ninguém lhe perguntasse nada sobre sua via e seu passado.

Uma tarde ele se sentiu barrigudo, velho e cansado e sentiu saudades de casa.

Abriu o portão lateral que dava prá criação de cabras e sem levar nem um palito de fósforos saiu andando e quase morreu de frio no curso da madrugada. Foi ganhando comida aqui e pousada ali e quando se deu conta estava nas portas de outro mosteiro, este budista, onde pela primeira vez pediu alguma coisa. Pediu prá ficar. Deixaram por mais 13 anos.

Um dia ele acordou e pediram prá ele ir embora sem nenhuma razão.

Nesses 27 anos ele havia adquirido um estado mental alterado, tornara-se um bobão.

Quase não falava, não tinha assunto, não lembrava direito de onde era.

Mas voltou prá sua cidade enviado pelo monges budistas.

Quando desceu na rodoviária, sem nada além das roupas do corpo, vagou pelas ruas e albergues como um morador de rua, até que um dia passou pela avenida onde havia sido recolhido pela ambulância. Com um pouco de esforço achou a rua onde morava, mas não conseguiu achar mais sua casa. Tudo havia mudado.
Sentou-se então numa mureta de uma jardineira em frente a um prédio residencial e lá ficou sem conseguir sequer pensar no que faria.
Do outro lado da rua um homem o olhava de forma insistente, chamou outra pessoa e apontou-o, outros vieram e ficaram olhando prá ele e trocando comentários. Américo sentiu que era com ele, imaginou que levaria uma surra, mas ficou paralisado quando percebeu que o grupo, uns 7 ou 8 homens, atravessou a rua.
- O senhor não é o Seu Américo?
Ele pensou: se confirmar apanho. Ficou olhando aqueles homens todos com cara de piedade e terror. Com muito sacrifício conseguiu engolir um gole de saliva.
- Eu não... ( me lembro. Ele ia dizer ).
- Seu Américo o senhor não lembra da gente?
- Não... eu...
- Seu Américo a Lenda Viva voltou...
E passaram a abraça-lo e a cumprimenta-lo.
- Conta ai Seu Américo, onde anda aquela loira? Sua mulher morreu de desgosto de saber que o senhor fugiu com ela prá Miami... seu malandrão...
- Ela falava prá todo mundo que o senhor escondia dinheiro em algum lugar, mas nunca ninguém imaginou que o senhor tinha conseguido mandar tanto dinheiro pros States...
- Qual a lábia o senhor usou prá conquistar aquela mulherona??? fala ai Seu Américo...
-É... é... eu não...
- Seu Américo o senhor é fogo eih? Todo esse tempo com aquele mulherão vivendo do bem bom, foi muito bem feito prá sua patroa que era uma linguaruda e pago, pagou bem pago...
- Mas Seu Américo, cadê a loirona? O Sr. tá meio detonado? Ela limpou o senhor, não foi?
-Deixa prá, a Lenda voltou. Voltou e agora vai ensinar prá gente os truques e manhas dele...
- É, é...


Durante 27 anos aquele povo acreditou que Américo vivia nos Estados Unidos com aquela loira deslumbrante que não envelhecia e fazia todas as vontades dele.
Aquele povo acreditava na Lenda e nunca deixaram que ela fosse esquecida, porque a Lenda dava uma esperança prá cada um dos fracassados que nela falava.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

BEIJO

Joaquim nunca havia beijado.
Disseram-lhe que o primeiro beijo deveria ser roubado.
Ele era inrustido, mas sempre fora meio tarado.
Resolveu que já era hora de ser desvirginado.
Procurou ajuda e colheu uma opinião do cara errado.
-Olha cara, cê é idiota, tá muito atrasado.
Na tua idade eu já tinha até trepado.
Joaquim num desconsolo ficou desnorteado.
Sabia que com ele havia algo desacertado.
Sentou-se então num bar e colocou-se a pensar com o amigo do lado.
Tinha que fazer um plano, mas algo muito bem bolado.
De repente: Click, como não havia pensado.
Iria faser algo inédito, algo que nunca ninguém havia tentado.
Iria beijar uma noiva, na hora do casamento, seria no próximo sábado.
Foi até a igreja prá saber o que havia programado.
Como não era a hora certa, horário não muito apropriado.
Encontrou o portal fechado.
Vou de qualquer maneira, decidido e confirmado.
Sábado chegou, ele com medo, mas completamente determinado.
Perdeu o primeiro casamento pois tomou o onibus errado.
Teve que voltar a pé pois não lhe restou nenhum trocado.
Enfim chegou à Igreja, entrou, mesmo sem ter sido convidado.
Vestido de terno preto, impecavelmente arrumado.
Deixou passar a primeira noiva porque o noivo era muito sarado.
Pulou também a segunda, porque era mocreia demais e ele não estava assim tão desesperado.
Enfim chegou a terceira, e ele achou que o assunto seria consumado.
Chegou-se bem perto do altar, meio sem ser notado.
Assistiu a toda a cerimonia e até ficou emocionado.
Quando o padre disse: -Pode beijar a noiva, ele entendeu o recado.
Saltou por cima do povo, feito um leopardo acuado
Beijo a primeira boca possível, mas era o alvo errado.
Beijou a segunda boca que era a do Padre Zé Eduardo.
Beijo a terceira boca de um coroinha meio viado.
Já quase sem beijos ouviu: - Peguem o tarado.
Era inevitável, estava enrascado.
Para não ficar no preju, beijou uma madrinha esquisita que tinha um sorriso amarelado.
Por fim dando-se por satisfeito saiu abrindo caminho forçado.
Não era o beijo que sonhara, mas estava consumado.
O beijo havia sido dado.
Considerações finais:
1) Joaquim é um idiota.
2) Não é sair beijando assim o que importa.
3) Como fui ter uma ideia assim tão meia nota.

domingo, 6 de setembro de 2009

O BLOG VAI AO TEATRO

Primeiro toque da campainha: - Pééééééé
Segundo toque da campainha: - Pééééééééééééééééé
As luzes vão se apagando.
A cortina abre-se bem devagar aos tranquinhos e com um barulhinho de coisa que vai enguiçar.
Luzes vão crescendo no palco.
Tosse no meio público ( coisa mais chata ).
Cadeira range ( coisa mais chata ainda ).

ABERTURA
Entra em cena Procópio.
Procópio - Ai desventura de minha vida, por onde andara minha eterna amada depois de tantas tragédias e fortes emossões? Eih? Eih? Eih?
PONTO - Emoções cretino.
Entra Cordélia
Cordélia - Oh Procópio não posso te ver triste assim...
Procópio - É que sinto uma dor profunda, começa no coração e termina na...
Cordélia - Bunda?
Procópio - ...no fundo de minha alma sensível e só.
PRIMEIRO ATO
Procópio esta sozinho em cena.
PUBLICO - Onde foi parar Cordélia? Não notei quando foi que ela saiu de cena.
Procópio - Onde foi parar Cordélia? Não notei quando foi que ela saiu da sala...
PONTO - Isso não esta no texto cretino ignorante.
Entra Cornélia
Cornélia - Procópio preciso te revelar um segredo.
PUBLICO - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhh!!
Range uma cadeira.
Procópio - Oh querida mãe meu coração não suporta mais nada.
Cornélia - Eu sei meu filho, mas eu preciso te dizer que não sou... não sou...
Procópio - Não é? Não é o quê????
PUBLICO - Silêncio absoluto, alguém tosse ( coisa mais chata ).
Cornélia - Procópio eu não sou sua mãe.
PUBLICO - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Procópio - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
PONTO - Você falou um h a mais.
Cornélia - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh meu ex filho.....
Procópio - Então quem é você???????
PUBLICO - Prestanto uma puta atenção, cadeira range.
Cornélia - Eu sou na verdade sua irmã mais velha.
PUBLICO - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Procópio - Não, não e não.... então quem é minha mãe?
Cornélia - Sua mãe Procópio é a minha mãe.
PUBLICO - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Procópio - Oh!
Fim do primeiro Ato.
SEGUNDO ATO
Procópio esta sozinho em cena.
PUBLICO - Onde foi parar Cornélia, não notei quando ela saiu de cena.
Procópio - Onde foi parar Cornélia, não notei quando ela saiu da sala.
PONTO - Animal.
Entra Camélia.
Procópio - Camélia, viste Cordélia ou Cornélia nos bastidores, a mulherada tá evaporando no ar.
PUBLICO - Tosse.
Camélia - Tenho algo mais importante para te dizer, um segredo a te revelar.
PUBLICO - Sacanagem com o coitado do Procópio, tudo num dia só.
Procópio - Não sei se minha alma conseguira suportar... mas manda a trolha.
Camélia - Mas antes você terá que me jurar que vai guardar segredo.
Procópio - Juro!
Camélia - Jura mesmo?
Procópio - Juro.
Camélia - Mas tem certeza que jura mesmo?
Procópio - Juro
Camélia- Mas jura de verdade mesmo?
Procópio - Vai si fuder Camélia... conta logo essa porra.
PUBLICO - Aplauso - Clap, Clap, Clap...... Clap.
Procópio agradece aos aplausos.
Camélia - É que eu preciso lhe dizer Procópio que a Cornélia não é na verdade a mãe Cornélia, ela foi trocada na maternidade e sua mãe verdadeira é na verdade sua prima que teve um bebe no mesmo dia mas que morreu. Então num pacto sinistro com a enfermeira padrão houve uma troca e ela nunca soube disso e não poderá saber jamais.
PUBLICO e Procópio juntos - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Fim do Segundo Ato
TERCEIRO ATO
Procópio esta sozinho em cena pensativo e cabisbaixo.
PUBLICO - Onde foi parar a Camélia?
Procópio - Sr Diretor, mande fechar o alsapão porque já cairam 3 atrizes dentro dele, uma esta gemendo...
PUBLICO - Vaia - Uhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!
Um peido na plateia - Risos - Não fui eu!
Procópio - Meu pai santissimo de onde serei eu oriundo?
PUBLICO - Um grito lá do fundo, " de um cú seu vagabundo"
Entra Cremilda.
Procópio - Cremilda minha querida cuidado com o alsapão....
Cremilda - Oh Procópio que dor trago em meu peito...
Procópio - Não vá me dizer que você também tem um segredo prá me revelar.
Cremilda - Sim, eu tenho...
PUBLICO - Pô que abacaxi de peça, quero meu dinheiro de volta.
DIRETOR - Assistente fecha aquela merda de alsapão.
Cadeira range.
Tosse.
Uma lampada se queima.
Procópio - Então manda de bico Crêcré...
Cremilda - É o seguinte meu nêgo... tu tá variano e tua prima que subordinou a enfelmeira pra fazer um estrocamento no berçario na verdade não é sua prima mas sim sua avó, sua mãe verdadeira é seu primo Avilésio que na verdade fez uma ciderurgia de troca de secxo, e deixo de ser Avelina prá ser tornar Avilésio, mas ele antes teve um filho com sua irmã que era homem naquela época e também fez mudança de secxo, inclusive o pirulito dele ou dela passou prá ele ou ela eu sei lá....
PUBLICO - Ohhhhhhhhhhhhhhhhhh!
Procópio - Ah, era só isso?
Cremilda - Que bom que você recebeu bem esta noticia.
Procópio - Nesta altura do campeonato tudo o que vier é lucro.
PUBLICO - Um puta aplauso.

INTERVALO
Marteladas do assistente consertando o alsapão.

QUARTO ATO
Cremilda em cena.
Cremilda - Por onde eu saiu?
DIRETOR - Vem anta vem...
Cremilda some, despenca o alsapão.
PUBLICO - Gargalhadas - rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
Tosse
Peido de propósito.
Procópio - Oh, que desventura de vida, por quais caminhos devo trilhar para alcançar as verdades profundas da vida? Como poderei amanhecer ao sabor de tantas amarguras, se minha alma sofre o anoitecer de minhas esperanças, inutil lutar contra as poderosas forças do destino, nessas trevas que se tornaram meus afetivos e familiares, quanto aguentarei eu sofrer ainda nesta infrutifera existencia, sou o pateta desta trama, a vitima ingênua a quem todos parecem querer zombar.
PUBLICO - Em lágrimas - Snif, snif, snif.... snif.
Entra Creverson.
Creverson - Procópio, tenho algo importante a te revelar.
Procópio - Creverson vai a puta que te pariu cara... se você veio aqui prá dizer que não sei quem não é quem se diz ser que deveria não ser quem se diz não ser quem é....
PONTO - Vai si fuder assim não dá....
Creverson - Porra cara como você esta essitressado.... relaxa meu garoto....
Procópio - Vomita bundão.
Creverson - É o seguinte meu neto, eu sou seu avô e não seu cunhado.
PUBLICO - Oh coisa chata sô!
Procópio - E o quê que eu tenho a ver com isso?
Creverson - Sei lá, achei que você ia achar legal ficar sabendo que seu pai não é meu filho mas sim filho da prima de sua cunhada com o concunhado da sogra da mãe da primo da madrasta de sua tia Alzira.
PUBLICO - OHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH Caralho que trama bem elaborada!
Fim do quarto Ato
Ranger de cadeiras, tosse e um espirro.
Saúde, Deus te crie.
Obrigado.
ULTIMO ATO.
Creverson também cai pelo alsapão, Procópio esta só novamente em cena e metade do público já foi embora pro buteco ou prá pizzaria.
Procópio - Enfim publico que por tantos atos me aturou, esta é a triste história que os deuses escreveram para mim. Quis o destino que eu não soubesse de que ventre provim. Certo de te-los entretido maravilhosamente com meu drama apenas tenho a dizer que FIM.
Apagam-se as luzes.
Range a ultima cadeira.
Um cheiro de peido no ar.
PUBLICO - Aplaude de pé entre lágrimas.
Encrenca a cortina.
A ambulância recolhe os atores.
Procópio agradece os aplausos.
Sai o ultimo espectador.
A faxineira varre o chão.
O zelador apaga as luzes e tranca a porta.
Um loira fica presa no banheiro.


PARA VOCÊ ENTENDER COMPLETAMENTE.
1) Ator/Atriz = aquele que representa em cima do palco.
2) Diretor = aquele que tendo um texto teatral nas mãos diz aos atores e tecnicos como devem atuar na peça
3) Ponto = um cara que fica num alsapão em frente ao palco lembranbdo as falas aos atores.
4) Teatro = Sala grande com palco, cadeiras, coxias, urdimentos, rotundas e gambiaras onde são encenadas peças teatrais.
5) Peido = Um tipo de gás predominantemente metâno que é expelido pelos intestinos dos animais ( humanos normais expelem em média 3 xicaras de chá por dia com odores variados ).
6) Publico = Pessoas que vão ao teatro ver uma peça teatral.
7) Loira = Um tipo de criatura com grande capacidade para se envolver em confusões.
8) Alsapão = na verdade se escreve alçapão e é uma abertura existente no chão do palco para fazer surgir e sumir objetos e pessoas, muito usado pelos mágicos em seus números.
9) Lampada que queima = Na verdade uma lampada que se queima consome o lucro de uma noite de apresentação.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

MAS MÃE...

PROLOGO
Mãe era uma pessoa trabalhadora e organizada. Cuidava com absoluto rigor de toda a família, estando ela perto ou longe. Não descansava nunca, não relaxava estava sempre atenta.
CAPITULO I
Tia Ana morava distante e tinha a saúde frágil.
Mãe ia sempre visita-la. Adorava fazer aquela viagem e poder passar por aquela estrada.
Por muitos anos desejou parar um dia e ficar apreciando a paisagem, e num dia resolveu que faria com a família um pic-nic num bosque no ponto mais bonito do percurso.
CAPITULO II
Mãe ficou doente e todos da família cuidaram dela, mas sempre debaixo de severas recomendações dela própria. Mãe disse um dia, quando já estava ficando boa:
- Assim que me curar iremos fazer um pic-nic num lugar surpresa.
Todos ficaram felizes.
CAPITULO III
Mãe marcou o dia, preparou as comidas, arrumou os filhos e pai arranjou um carro emprestado com o cunhado.
Domingo fez um sol explendido, pegaram a estrada e foram em direção ao bosque tão cobiçado pela mãe.
CAPITULO IIII
Mãe escolheu o local para pararem, a escolha era perfeita, um imenso bosqueado debaixo de castanheiras com uma vista linda do vale e bem pertinho da estrada. Havia até uma biquinha de água. Estenderam a toalha bem arrumadinha depois de limparem rigorosamente o local, era a primeira vez que as crianças ia comer no chão. Duas enormes cestas continham o verdadeiro banquete preparado pela mãe.
CAPITULO IIIII
Johnny liga o caminhão depois de carrega-lo durante toda a madrugada.
Johnny precisava trabalhar ligeiro e precisava fazer tudo certo, a grana do dia de trabalho vinha em boa hora.
A carga de Johnny tinha hora certa prá chegar, eram 25 toneladas de orelhas de frango para serem entregues na fabrica de salsicha... hummmmm, que delícia!!!!!
CAPITULO IIIIII
Mãe passa amendocrem na bolachinha das crianças:
- Comam tudinho... não derrubem migalhas na toalha... não lambuzem os dedinhos... não sugem as roupinhas!
Mãe passa geleinha de amorinha na bolachinha das crianças:
- Comam tudinho... não melequem os dedinhos... não deixem sementinhas entre os dentinhos!
Mãe faz lanchinho de presuntinho com queijinho:
- Comam tudo gostozinho... é nutritivo e saborozinho... não limpem os dedinhos na roupa, dobrem certinho os guardanapos depois de limparem as boquinhas... esta gostozinho?????
Mãe coloca tanguezinho de mangaba com pêra nos copinhos:
- Tomem bem devagarinho... sentem-se bem retinhos... não deixem tombar os copinhos!
Mãe corta em tirinhas a tortinha, prá cada um um pedacinho:
- Comam esta muito gostozinho... mastiguem bem direitinho. Não esta um dia lindinho.
CAPITULO IIIIIII
Johnny senta a ripa no caminhão e não liga lá muito prá descida da serra, cozinha os tambores de freios, trinca as campanas, racha as cuicas, derrete as lonas... ai,ai,ai ai.... vai dar merda...
Já vi muita gente se lascar por não saber poupar os freios.
CAPITULO IIIIIIII
Mãe prepara a sobremesa, depois da sobremesa as crianças poderão brincar de escola sentadinhas debaixo da árvore bem comportadinhas.
- Vamos todos criancinhas juntar toda esta bagunça... vamos dobrar os guardanapos... fechar os potinhos, recolher os copinhos...
Ouve-se uma buzinha....
CAPITULO IIIIIIIII
Fudeu.
O caminhão de Johnny esta sem freio, ele esta em disparada, não vai conseguir fazer a curva.
Terá que tirar o caminhão da estrada, quem sabe parar em uma formação topográfica favorável.
- Ah já sei, vou entrar pelo bosque, lá eu faço uma manobra radical e reduzo a velocidade...
Mais buzina... mais buzina...
Mas Johnny avista em seu percurso, extamante no alinhamento unico e mais favorável à sua manobra uma dócil familia fazendo um pic-nic...
- Caralho... e agora. Não posso perder esta carga... pensa Johnny já não conseguindo pensar em mais nada.
CAPITULO IIIIIIIIII
Filhinho vê o caminhão vindo a toda.
Filhinho é bom em geometria e calcula imediatamente a trajetória a conclue que: Fudeu mesmo.
- Mãããããããeeeeeee.... o caminhão, o caminhão.
O caminhão esta muito próximo agora.
Papai esbugalha os olhos.
Mãe olha e diz:
- Crianças o caminhão vai nos matar, rápido fechem as tuperwares, juntem os guardanapos, precisamos sair daqui muito rápido.
O caminhão esta muito mais próximo agora.
- Crianças vamos juntem os copinhos, assim não, vocês ainda não beberam tudo, tem que beber tudinho senão mamães fica triste e o anjinho chora, tomem bem devagarinho mas façam rapidinho.
O caminhão esta muito, mas muito mais próximo agora.
CAPITULO IIIIIIIIIII
Mãe vê que a coisa esta ficando muito preocupante.
- Rapido crianças, recolham todas as migalhas da toalha, é uma emergencia, pode ser com a mão mesmo não precisa usar a escovinha, mas não limpem as mãozinhas nas roupas... juntem todas as migalhas num só montinho que papai vai colocar numa sacolinha biodegradável... não tirem a toalha do lugar!
Johnny sente o cheiro da morte, mais que isso, de um extermínio completo de uma doce família.
CAPITULO IIIIIIIIIIII
Mãe pressente que não terão tempo de fugir, mãe vê que o caminhão passara exatamente sobre aquele ponto onde todos estão, mãe percebe que é só uma questão de uma fração de segundos, mãe tem que tomar uma atitude energica e tem que ser agora, não pode titubiar:
- Crianças, vocês não terminaram de comer a tortinha isso é muito feio. Mamãe esta triste muito triste. Ai, ai, ai, ai, ai.
A distancia em que o caminhão se encontra já pode ser medido em poucos metros e a velocidade vai aumentando sob a força gravitacional de 25 toneladas de carga mais o peso do enorme caminhão. Freio que é bom: zero.
Johnny reza e sua, Johnny reza sua reza.
CAPITULO IIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Mãe sabe que fudeu de vez.
Mas mãe tem a mente limpa, não pode reconhecer que fudeu, mas que fudeu, fudeu.
Mas seu instinto fala mais alto, ela foi treinada uma vida toda para cumprir uma missão:
- Crianças temos que fugir senão morreremos todos e a vocês não será reservado futuro algum. Tudo se perdera, toda a edução que lhes dei.
Quero ver vocês levantarem todos juntos, bem bonitinhos, e correrem todos para debaixo daquela árvore ali, mas antes coloquem tudo em ordem dentro das duas cestas, sacudam a toalha, dobrem-na bem direitinho, não quero ver nenhum fiapinho de capim nela, fechem o ziper das sacolas com muito cuidado para não estraga-lo e deem as sacolas uma de cada vez nas mãos do papai... arrumem suas roupinhas e alinhem seus cabelinhos, não quero ver vocês desarrumados.
Johnny não entende porque Deus tem um propósito tão cruel para ele, num domingo tão lindo ele trampando na boa, essa porra de caminhão perde o freio e amanhã ele estampa a primeira pagina de jornal por ter exterminado uma doce família... que saco pô!
CAPITULO IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Não há mais tempo pra nada, a distancia entre o caminhão e a família é de poucos centimetros.
A familia sente o calor do motor do caminhão, sentem o cheiro da lona queimada, o cheiro da morte, a luz, aquela porra de luz a ser seguida... viram Ghost????
Johnny não entende o propósito.
Mãe ainda tem tempo de dizer:
- Crianças vocês não fecharam o ziper da sacola nº 1 direit.....
EPILOGO
Silêncio agora.
O mais profundo silêncio.
Apenas aquele barulho do ar comprimido do caminhão, algo assim como Fânhimmmmmm...
Mãe semi-inconciente ve filhinho deitado no chão e diz:
- Filhinho muito feio... ainda tem um restinho de geleia escorrendo da boca... mamãe falou prá limpar direito.

Considerações finais entre lágrimas:
1) O autor detesta humor negro, mas assistiu "Todo mundo em pânico I,II,II e IIII".
2) Johnny salvou a carga e recebeu o frete combinado, apenas atrasou um pouco a entrega.
3) Papai conseguiu se salvar, pois deu no pé assim que escrevi o primeiro fudeu.
4) A família era muito numerosa e se esparamou no chão, o caminhão de Johnny não passou com a roda sobre nenhum deles. Foi um milagre.
5) Johnny não entendeu o propósito daquilo tudo, mas deu uma caixa de 15 kgs de orelha de frango para a família que também não entendeu prá que servia aquilo.
6) Naquela família nunca mais ninguém obedeceu mamãe nem fez mais pic-nic.