terça-feira, 1 de setembro de 2009

MAS MÃE...

PROLOGO
Mãe era uma pessoa trabalhadora e organizada. Cuidava com absoluto rigor de toda a família, estando ela perto ou longe. Não descansava nunca, não relaxava estava sempre atenta.
CAPITULO I
Tia Ana morava distante e tinha a saúde frágil.
Mãe ia sempre visita-la. Adorava fazer aquela viagem e poder passar por aquela estrada.
Por muitos anos desejou parar um dia e ficar apreciando a paisagem, e num dia resolveu que faria com a família um pic-nic num bosque no ponto mais bonito do percurso.
CAPITULO II
Mãe ficou doente e todos da família cuidaram dela, mas sempre debaixo de severas recomendações dela própria. Mãe disse um dia, quando já estava ficando boa:
- Assim que me curar iremos fazer um pic-nic num lugar surpresa.
Todos ficaram felizes.
CAPITULO III
Mãe marcou o dia, preparou as comidas, arrumou os filhos e pai arranjou um carro emprestado com o cunhado.
Domingo fez um sol explendido, pegaram a estrada e foram em direção ao bosque tão cobiçado pela mãe.
CAPITULO IIII
Mãe escolheu o local para pararem, a escolha era perfeita, um imenso bosqueado debaixo de castanheiras com uma vista linda do vale e bem pertinho da estrada. Havia até uma biquinha de água. Estenderam a toalha bem arrumadinha depois de limparem rigorosamente o local, era a primeira vez que as crianças ia comer no chão. Duas enormes cestas continham o verdadeiro banquete preparado pela mãe.
CAPITULO IIIII
Johnny liga o caminhão depois de carrega-lo durante toda a madrugada.
Johnny precisava trabalhar ligeiro e precisava fazer tudo certo, a grana do dia de trabalho vinha em boa hora.
A carga de Johnny tinha hora certa prá chegar, eram 25 toneladas de orelhas de frango para serem entregues na fabrica de salsicha... hummmmm, que delícia!!!!!
CAPITULO IIIIII
Mãe passa amendocrem na bolachinha das crianças:
- Comam tudinho... não derrubem migalhas na toalha... não lambuzem os dedinhos... não sugem as roupinhas!
Mãe passa geleinha de amorinha na bolachinha das crianças:
- Comam tudinho... não melequem os dedinhos... não deixem sementinhas entre os dentinhos!
Mãe faz lanchinho de presuntinho com queijinho:
- Comam tudo gostozinho... é nutritivo e saborozinho... não limpem os dedinhos na roupa, dobrem certinho os guardanapos depois de limparem as boquinhas... esta gostozinho?????
Mãe coloca tanguezinho de mangaba com pêra nos copinhos:
- Tomem bem devagarinho... sentem-se bem retinhos... não deixem tombar os copinhos!
Mãe corta em tirinhas a tortinha, prá cada um um pedacinho:
- Comam esta muito gostozinho... mastiguem bem direitinho. Não esta um dia lindinho.
CAPITULO IIIIIII
Johnny senta a ripa no caminhão e não liga lá muito prá descida da serra, cozinha os tambores de freios, trinca as campanas, racha as cuicas, derrete as lonas... ai,ai,ai ai.... vai dar merda...
Já vi muita gente se lascar por não saber poupar os freios.
CAPITULO IIIIIIII
Mãe prepara a sobremesa, depois da sobremesa as crianças poderão brincar de escola sentadinhas debaixo da árvore bem comportadinhas.
- Vamos todos criancinhas juntar toda esta bagunça... vamos dobrar os guardanapos... fechar os potinhos, recolher os copinhos...
Ouve-se uma buzinha....
CAPITULO IIIIIIIII
Fudeu.
O caminhão de Johnny esta sem freio, ele esta em disparada, não vai conseguir fazer a curva.
Terá que tirar o caminhão da estrada, quem sabe parar em uma formação topográfica favorável.
- Ah já sei, vou entrar pelo bosque, lá eu faço uma manobra radical e reduzo a velocidade...
Mais buzina... mais buzina...
Mas Johnny avista em seu percurso, extamante no alinhamento unico e mais favorável à sua manobra uma dócil familia fazendo um pic-nic...
- Caralho... e agora. Não posso perder esta carga... pensa Johnny já não conseguindo pensar em mais nada.
CAPITULO IIIIIIIIII
Filhinho vê o caminhão vindo a toda.
Filhinho é bom em geometria e calcula imediatamente a trajetória a conclue que: Fudeu mesmo.
- Mãããããããeeeeeee.... o caminhão, o caminhão.
O caminhão esta muito próximo agora.
Papai esbugalha os olhos.
Mãe olha e diz:
- Crianças o caminhão vai nos matar, rápido fechem as tuperwares, juntem os guardanapos, precisamos sair daqui muito rápido.
O caminhão esta muito mais próximo agora.
- Crianças vamos juntem os copinhos, assim não, vocês ainda não beberam tudo, tem que beber tudinho senão mamães fica triste e o anjinho chora, tomem bem devagarinho mas façam rapidinho.
O caminhão esta muito, mas muito mais próximo agora.
CAPITULO IIIIIIIIIII
Mãe vê que a coisa esta ficando muito preocupante.
- Rapido crianças, recolham todas as migalhas da toalha, é uma emergencia, pode ser com a mão mesmo não precisa usar a escovinha, mas não limpem as mãozinhas nas roupas... juntem todas as migalhas num só montinho que papai vai colocar numa sacolinha biodegradável... não tirem a toalha do lugar!
Johnny sente o cheiro da morte, mais que isso, de um extermínio completo de uma doce família.
CAPITULO IIIIIIIIIIII
Mãe pressente que não terão tempo de fugir, mãe vê que o caminhão passara exatamente sobre aquele ponto onde todos estão, mãe percebe que é só uma questão de uma fração de segundos, mãe tem que tomar uma atitude energica e tem que ser agora, não pode titubiar:
- Crianças, vocês não terminaram de comer a tortinha isso é muito feio. Mamãe esta triste muito triste. Ai, ai, ai, ai, ai.
A distancia em que o caminhão se encontra já pode ser medido em poucos metros e a velocidade vai aumentando sob a força gravitacional de 25 toneladas de carga mais o peso do enorme caminhão. Freio que é bom: zero.
Johnny reza e sua, Johnny reza sua reza.
CAPITULO IIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Mãe sabe que fudeu de vez.
Mas mãe tem a mente limpa, não pode reconhecer que fudeu, mas que fudeu, fudeu.
Mas seu instinto fala mais alto, ela foi treinada uma vida toda para cumprir uma missão:
- Crianças temos que fugir senão morreremos todos e a vocês não será reservado futuro algum. Tudo se perdera, toda a edução que lhes dei.
Quero ver vocês levantarem todos juntos, bem bonitinhos, e correrem todos para debaixo daquela árvore ali, mas antes coloquem tudo em ordem dentro das duas cestas, sacudam a toalha, dobrem-na bem direitinho, não quero ver nenhum fiapinho de capim nela, fechem o ziper das sacolas com muito cuidado para não estraga-lo e deem as sacolas uma de cada vez nas mãos do papai... arrumem suas roupinhas e alinhem seus cabelinhos, não quero ver vocês desarrumados.
Johnny não entende porque Deus tem um propósito tão cruel para ele, num domingo tão lindo ele trampando na boa, essa porra de caminhão perde o freio e amanhã ele estampa a primeira pagina de jornal por ter exterminado uma doce família... que saco pô!
CAPITULO IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
Não há mais tempo pra nada, a distancia entre o caminhão e a família é de poucos centimetros.
A familia sente o calor do motor do caminhão, sentem o cheiro da lona queimada, o cheiro da morte, a luz, aquela porra de luz a ser seguida... viram Ghost????
Johnny não entende o propósito.
Mãe ainda tem tempo de dizer:
- Crianças vocês não fecharam o ziper da sacola nº 1 direit.....
EPILOGO
Silêncio agora.
O mais profundo silêncio.
Apenas aquele barulho do ar comprimido do caminhão, algo assim como Fânhimmmmmm...
Mãe semi-inconciente ve filhinho deitado no chão e diz:
- Filhinho muito feio... ainda tem um restinho de geleia escorrendo da boca... mamãe falou prá limpar direito.

Considerações finais entre lágrimas:
1) O autor detesta humor negro, mas assistiu "Todo mundo em pânico I,II,II e IIII".
2) Johnny salvou a carga e recebeu o frete combinado, apenas atrasou um pouco a entrega.
3) Papai conseguiu se salvar, pois deu no pé assim que escrevi o primeiro fudeu.
4) A família era muito numerosa e se esparamou no chão, o caminhão de Johnny não passou com a roda sobre nenhum deles. Foi um milagre.
5) Johnny não entendeu o propósito daquilo tudo, mas deu uma caixa de 15 kgs de orelha de frango para a família que também não entendeu prá que servia aquilo.
6) Naquela família nunca mais ninguém obedeceu mamãe nem fez mais pic-nic.

4 comentários:

  1. Estava me perguntando no que ia dar esse picnic. Mãe é um tanto quanto patética, né?
    Ainda bem que alguém na familia era esperto, pois o pai deu no pé.

    Entre mortos e feridos, acabei gostando. Confesso que no principio achei que naõ ia ser bom.
    Beijokas
    Mary

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  2. nossa!!!que sufoco...que mãe é esta,confesso que até desejei a morte dela por ser tão ,tão,tão...fiquei ansiosa ,querendo pular os capítulos prá ver logo o final!!excelente
    bjss

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  3. MaRy JoE
    Sim a mãe é patética, e eu também não sabia até a ultima hora qual seria o final. Mas mãe é mãe e eu não poderia liquidar uma família assim. Quando fui escrevendo o desfecho percebi que a patetice não era relevante a ponto de justificar um extermínio famíliar, afinal a mãe fazia por amor e por criação. Johnny tb não marecia uma marca desssas em seu histórico, ele é um cara legal e vai sempre quase se dar mal em todas as minhas histórias. O pai, é uma pai padrão, na hora H sai fora e deixa o pepino com a mãe.
    Que bom que vc gostou.
    Bjs.

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  4. Priminha querida.
    Não queria te fazer sofrer tanta ansiedade.
    Sei q vc é uma mãe e sogra dedicada, mas a Bel falou que o povo do RN ficou aliviado qdo vc voltou prá SP. Vc entende mais de mães que eu até por atura-las todos os dias, e deve conhecer algumas que mereceriam ser atropeladas pela jamanta. Obrigado por ter vizitado o blog e por ter comentado.
    Bjs.

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